_DSC0428Por Eliana Sonja Rotundaro.

Há muitos anos assisti a um filme cujo título copiei para esta crônica. O filme traz a Winona Ryder como protagonista e não é uma fita considerada fantástica pela crítica, mas que tem o poder de nos fazer refletir. Mas também tem a capacidade de não ser esquecido em meio a tantos títulos. É um daqueles que persiste na memória pela força de sua mensagem. Sim, o filme tem uma mensagem, mas não tem nada de piegas.

O filme conta a história de uma jovem que irá se casar e que acaba convivendo com algumas mulheres mais velhas e que se deixa levar pelas suas histórias de vida e os sonhos deixados para trás por cada uma delas.  Cada uma das amigas da avó, enquanto confeccionam uma colcha de retalhos, vão repassando suas vidas, seus amores e suas frustações. Ao se deparar com a colcha pronta, a personagem de Winona Ryder descobre que a peça é composta com a história de vida de cada uma delas.  No fim, ela diz: “Os jovens amantes querem a perfeição. Os mais velhos aprendem a arte de emendar os rasgos e a ver a beleza na multiplicidade dos retalhos”.  Bela frase, e triste também.

Em um mundo onde as expectativas de vida são cada vez maiores, os velhos têm uma parcela garantida na sociedade. Por isso, vale a pena refletir sobre os desdobramentos dos atos da juventude. Ou seja, as ações juvenis irão refletir pelo resto de nossas vidas. Pode parecer bobagem, mas não é. Digo isso porque, aos 20 anos, eu achava que tinha uma vida inteira pela frente e poderia não me arrepender de nada. Como eu estava enganada!

Mesmo que eu ainda esteja um pouco longe da dita terceira idade, como eu desejaria ter feito muitas coisas diferentes. Primeiro, eu gostaria de ter sido uma pessoa ESTUPIDAMENTE alegre. Como eu invejo pessoas que, do nada, riem de tudo e de todos, como se a vida fosse uma grande piada. Talvez, se eu tivesse persistido na alegria de viver um dia de cada vez, não seria hoje essa pessoa melancólica e ansiosa.

Só mais velha é que consigo perceber o quanto é importante valorizar o presente. O hoje. O amanhã não deve ser levado tão a sério. E o que sempre fiz foi justamente o contrário. E hoje, pesa cada vez mais essa atitude de ansiedade.

Quem sabe agora eu possa começar a viver de forma diferente. E quando digo diferente é no sentido de me lançar à vida com alegria. Esquecer o passado e fazer tudo que sempre quis: viajar mais, continuar a ler com afinco, ajudar mais o planeta e a quem precisa. Coisas do tipo que todas as pessoas dizem que você deve fazer durante sua vida: ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore.

Bem, ter um filho já está fora de cogitação. Mas acho que posso “adotar” algumas crianças carentes e ajudá-las. Plantar uma árvore eu já fiz algumas vezes ao longo da minha vida: na escola e junto com meu pai. E escrever um livro ainda é uma ideia embrionária. Gente: até que não é tão difícil assim começar a fazer o que se deve. Aliás, não somente o que se deve, mas principalmente o que se deseja.

Prometo: vou viajar, ajudar a quem precisa, escrever um livro e cuidar mais do planeta e de mim mesma.  E juro: vou refletir e colocar em prática o poema/canção de Renato Russo que diz que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, pois se você parar pra pensar, na verdade não há”. Quer verdade maior do que essa?

Eliana Sonja Rotundaro é Jornalista com especialização em Marketing, atua há 15 anos na área de comunicação e é Assessora de Imprensa de várias empresas da região Sul Mineira. Casada (e muito bem casada), sem filhos, tia de um adolescente muito lindo (que é muito paparicado), tem a família como o seu esteio.