Por Regina Navarro.

A insatisfação com o corpo faz com que as mulheres não se sintam à vontade na hora do sexo. A exceção são as lésbicas. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita na Universidade de Jaén, na Espanha, com 333 mulheres entre 18 e 62 anos — 176 delas se identificam como heterossexuais, 79 como bissexuais e 78 como lésbicas. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Psychology, e constatou que a baixa autoestima corporal está presente em mesma proporção nos três grupos, mas só tem impactos significativos na vida sexual das mulheres que se relacionam com homens. Lendo essa matéria em Universa, me lembrei de uma paciente que atendi há algum tempo. Joyce, 38, estava separada havia quatro. Durante esse tempo, fugiu de todas as possibilidades de encontros amorosos e não fez sexo nenhuma vez. Sentindo-se gorda, sempre acreditou que decepcionaria o homem na cama. Entretanto, conheceu Pedro e começaram a namorar.

“Não tenho mais desculpas para adiar o momento de transarmos, mas tenho medo que ele perca o tesão por mim. Tenho que ficar numa posição em que o culote nem a barriga apareçam; não posso me mexer muito. A luz tem que estar apagada. Já estou tão preocupada, que não vai ser possível curtir muita coisa.”, me disse ela. Na época, fiz a seguinte pergunta para algumas mulheres: “Na hora sexo, gordura, flacidez ou barriga atrapalham? Por quê?” Aí vão algumas respostas: “Porque a flacidez e as gordurinhas podem abalar nossa autoconfiança. Vivemos numa sociedade que supervaloriza o corpo malhado, todo definido”; “Porque é horrível o cara olhar para uma barriga com gordura, e pior ainda olhar para uma bunda flácida ou coxa cheia de celulite.” “A maioria das mulheres vive uma busca constante do “corpo ideal” de um padrão estabelecido pela sociedade, e quando não o atinge, vem a frustração e a vergonha. Eu mesma deixei de sentir prazer por vergonha do meu corpo.”

Não podemos esquecer de que existe uma diferença fundamental entre o erotismo masculino e o feminino. O erotismo masculino é ativado pela forma do corpo, pela beleza física. Na mulher essa exigência é muito menor em relação ao homem.

Como a mentalidade patriarcal condicionou o homem a provar que é o melhor o tempo todo, não é raro encontrarmos homens inseguros, que dependem da avaliação estética que os amigos fazem de suas escolhas amorosas para se sentirem valorizados ou não.

Mas as pessoas que conseguem se libertar da submissão aos padrões de beleza estabelecidos podem se sentir atraídas por aspectos mais sutis percebidos no jeito de ser do outro, ao contrário de ficarem limitadas por gordurinhas e barriguinhas.