Por Luciana Vanessa.

As mulheres jornalistas devem muito à Eugênia Moreyra. Em um tempo em que “moças de boa família “não frequentavam redações de jornais”, Eugênia foi não só reconhecida e admirada por sua inteligência como para ela foi criado o termo “reportisa”, já que era incomum uma mulher jornalista. 

Eugênia é considerada a  primeira jornalista do pais. Ela trabalhou no jornal carioca “Última Hora”, por volta de 1910, quando chegou de Minas, mais precisamente Juiz de Fora, onde nasceu. Ela e sua mãe, viúva rica filha de barões, vieram procurar emprego na cidade já que o patriarca da família havia morrido e pelas leis da época apenas os filhos homens podiam receber a herança. 

Após conseguir emprego no jornal também carioca “A Rua”, desapareceu da vida pública durante meses e trancou-se em um convento. Apesar de muitos acharem a ideia inconcebível, acabaram por descobrir que Eugênia só foi para o convento para investigar a história da irmã de uma mulher que havia sido assassinada no famoso crime “a tragédia da rua Dr. Januzzi, 13”. 

A matéria produzida pela perspicaz e obstinada jornalista foi estampada na capa do Jornal e rendeu dias de notoriedade à Eugênia. Esquerdista, defensora da arte, foi uma das fundadoras da União Feminina do Brasil e ativa defensora da deportação de Anita Leocádia, bebê de Olga Benário, esposa de Luis Carlos Prestes. 

Casou-se com o poeta Álvaro Moreyra, teve 4 filhos, participou da Semana de Arte Moderna de 22 e militou ativamente na Aliança Nacional Libertadora junto com Pagú e Oswald de Andrade. Claro que tanto ativismo culminou na perseguição do governo Vargas. Eugênia morreu aos 50 anos, no Rio de Janeiro.