Por Débora Elisa. (Psicanalista pela AMPC – Associação Mineira de Psicanálise Contemporânea)
Ora melancólica com medo, ora com uma energia, pronta pra enfrentar, pra criar.
Ora cheio, ora vazio. Ora introspectiva, ora projetiva.
Ora silêncio, ora barulho. Ora reclusa, ora com saudade.
Ora com a mente no futuro, ora no presente e ora no passado.
Vivendo a dualidade humana, com mais intensidade. Tentando desocupar a mente, escutar o mundo e o que escuto são pedidos de socorro.
Me esbarro com a segurança de meus privilégios e me bate na cara as inúmeras mortes tão próximas, dentro de nosso país, e ao mesmo tempo tão “longe”.
É aí que vejo que o lugar do outro é distante demais de nós. Lavo minhas mãos tanto com sabão e também lavo da culpa.
Escuto nossa fragilidade gritando, nossos princípios confusos. Escuto o bolso de muitos sendo esvaziados, e o eco do vazio da alma estalando.
Escuto a fome ao lado e engulo este barulho, porque minha mão estendi a uma família. A solidariedade me consola enquanto a fome de muitos ainda nos assola.
Em cada um a dor se instala de uma forma e cada dor é válida.
E por isso ora distribuo afeto, amor, esperança e ora no dever de não ser complacente com o desejo de iludirmos a nós mesmos com um véu que cobre a realidade, distribuo um convite a reflexão.
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