Por Ana Michelle Soares (Livro: Enquanto eu respirar…)

O substantivo que transita pelo verbo e tem poder de adjetivo.

Inspira busca, desejo, sonhos.

Motiva. Alimenta. Alivia.

Há quem caminhe ao lado dela, com ela, por ela.

Há quem ofereça de graça e quem pague o que for pela incerteza de sua companhia. Há quem dependa dela pra viver, e quem viva independentemente dela.

Valorizada. Implorada. Exigida. Superestimada.

Ao divino ofertamos nosso mais sincero pedido. A Ele todo o crédito quando ela é possível. A nós, a culpa pela pouca fé quando ela não se apresenta.

Ela está nos livros, nas palestras, nos vídeos, na igreja, na fruta, no suor derramado e no link que não abri num dia de pressa.

E o que ela é, além de uma série de conceitos médicos? Ninguém diz. Ninguém garante.

Ressignifiquei.

Há alguns anos deixei de exigir de um substantivo o poder da minha “cura”.

É só semântica.

Não garante longevidade, felicidade e o que é extraordinário.

Vivo minha cura cada vez que uma lágrima cai. E cada vez que é difícil conter o riso. Quando sinto o vento no rosto e o abraço sincero de um coração que pulsa no mesmo embalo que o meu.

Sinto cura por me permitir ser vulnerável. Por poder ter medo.

Por acolher minhas sombras. Por ter dó do tempo que talvez eu não viva.

Sinto cura por não viver de passado e nem condicionada aos acontecimentos futuros. Sinto cura por perceber que o julgamento diz mais sobre quem o faz do que a quem se direciona. E a cura invade meu coração cada vez que fecho os olhos e, numa prece silenciosa, sinto gratidão por estar exatamente onde deveria.

E sem garantias…

Busque diariamente a cura que habita em você.

Porque a cura está. A cura já é.