Mais um fim de ano. O tempo passa, inexorável, com a sua força divina e implacavelmente destruidora. Para muitos, ano novo significa esperança. Há muito não sinto alegria nesta data. Pra mim, é a constatação de que menos tempo tenho de vida terrena. Com o passar dos anos, a consciência da finitude se tornou uma parte do meu ser.
Mais um fim de ano e nada a comemorar. Lamentos são a tônica do povo que assiste, atônito, o desenrolar dos mandos e desmandos dos políticos brasileiros. Brasília se tornou um quadro surrealista, bem ao estilo Dalí – mas sem querer ofender o artista e sua obra -, com sua visão distorcida da realidade.
Estou muito cansada da demagogia endêmica que assola todo o País. Sempre me preocupei com os rumos do Brasil em todos os setores da sociedade, mas nos últimos tempos só sinto náusea com tanta sujeira. No Brasil, há muito a palavra ética perdeu seu significado. Nietzsche dizia:“Nos indivíduos, a loucura é algo raro – mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra.”
No Brasil, tornou-se regra fazer tudo por interesse próprio. Empresas privadas e públicas são farinhas do mesmo saco. A corrupção já virou um câncer. E está difícil de ser extirpado.
E a culpa do tsunami que se tornou a política brasileira é do próprio povo. A falta de visão de mundo torna a vida pobre em todos os sentidos.Falta educação. Falta cultura. O povo não sabe votar, não sabe cobrar seus direitos, não sabe nem ao menos limpar o quintal de casa para espantar o Aedes aegypti! É triste dizer isso, mas não tenho nenhum orgulho de ser brasileira.
Uma crise econômica escondida debaixo do tapete em 2014 – ano da reeleição – e anunciada abertamente em 2015. O Brasil está falido e a inflação chega a 10%. Enquanto isso, aqueles que foram eleitos para proteger o povo, só fazem brigar pelo poder. Cito novamente Nietzsche: “Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.” Brasília é a prova viva desse pensamento.
Amor, paz e saúde já se tornaram utopia neste país onde o egoísmo, a violência, a doença e a impunidade reinam. Não estou otimista. Mas tenho motivos? Invejo as pessoas que cultivam o otimismo como uma flor frágil e bela. Ao desfiar o rosário, a poesia da vida se desfaz com a mesma força da lama que destruiu rio, fauna, flora, pessoas, casas, escolas, histórias, fotografias, identidades.
Mas para lembrar: em 2016 teremos eleições municipais. E com isso, desejo só uma coisa: que o brasileiro saiba escolher seus candidatos e mais ainda cobrar seus direitos. Político tem a obrigação, sim senhor, de dar satisfações ao povo.
Apesar de todas as lamentações – um desabafo, para ser mais exata-, desejo um 2016 menos pior do que 2015. Confesso ser o máximo que consigo almejar.
Eliana Sonja Rotundaro é Jornalista com especialização em Marketing, atua há 15 anos na área de comunicação e é Assessora de Imprensa de várias empresas da região Sul Mineira. Casada (e muito bem casada), sem filhos, tia de um adolescente muito lindo (que é muito paparicado), tem a família como o seu esteio.
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