Por Danuza Leão.
Você passa a vida aprendendo. E, mesmo se chegar até os 150 anos, vai aprender várias coisas novas por dia até o último minuto. No início, as mais elementares: não botar a mão no fogo, não provocar o cachorro da vizinha nem colocar o dedo na tomada. Aprender é se educar. E, ao se lembrar do tempo que perdeu na praia no lugar de estudar mais (muito mais), vai dar até vontade de chorar. O pior é que essa consciência só vem tarde. Mas nunca é tarde demais.
E como é bom saber das coisas. O prazer da leitura – tem maior? – ainda permite aprender mais. Com um bom livro, você enfrenta noites de solidão e vence quase qualquer depressão.
Também é possível educar o ouvido. É claro que, se você crescer ouvindo só as ricas melodias do funk, não vai ser um adulto tão feliz. Entretanto, se der a sorte de ter uma tia que guardou uns discos antigos – já ouviu falar de LP? – com uns belos Lupicínios, uns velhos Carlos Galhardos, uns antigos tangos de Gardel, já vai dar para sentir que existe salvação fora dos ritmos mais modernos. Isso para não falar dos clássicos, coisa mais séria e que exige tempo e concentração maiores – tempo que você jamais vai lamentar como perdido, mesmo que não se torne expert em música.
Existem ainda os celestiais prazeres do paladar. Dizem que eles só começam a se desenvolver verdadeiramente depois dos 18 anos – a não ser que você tenha nascido na França. Lá, sobretudo no interior, uma criança de 5 anos é capaz de devolver o prato no restaurante se a carne não estiver no cozimento certo e ainda discutir com o chef sobre a origem das melhores trufas. No quesito vinhos, qualquer motorista de táxi de Lyon e até de Paris – reconhecida pelos franceses como uma cidade onde se come e bebe mal – sabe perfeitamente se a safra de 1968 dos Bourgogne foi digna de ficar na história ou se virou apenas artigo de interesse para turistas americanos.
Assisti uma vez, na televisão francesa, a um programa de uma hora inteira, sem comerciais, sobre gastronomia. Os dois convidados eram Jacques Chirac, ex-presidente da França, e Helmut Kohl, ex-chanceler alemão. Amante de bons chucrutes e boa cerveja, Kohl terminou dando um conselho: que os governantes não deveriam ser escolhidos por serem de esquerda ou de direita, mas por possuírem ou não o gosto pela boa mesa – os que fazem dieta não deveriam nem se candidatar, argumentou.
Já bom gosto e boas maneiras podem ser adquiridos convivendo com (e observando atentamente) as pessoas verdadeiramente elegantes no traje e sobretudo no trato – o que não tem nada a ver com o tamanho da conta no banco.
Quanto mais se sabe, mais se quer saber. A vida vai ficando mais rica e nossas possibilidades vão se ampliando. Antes de viajar, esqueça de pedir o endereço das compras e leia um livro sobre o país que vai conhecer. Essa, sim, será a mais inesquecível das viagens.
O mundo é cheio de tesouros em qualquer esquina – se você souber vê-los. Aprenda, conheça, procure saber sempre tudo e sempre mais. Assim, você vai dominar o mundo; um mundo que será o maior de todos – e só seu.
Crônica enviada por Camila Peloso.
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