Por Débora Elisa.
“Já sentiu o cheiro de um frio na barriga?
O gosto de um arrepio na pele?
O calor de um pensamento?
Era uma terça feira a tarde e o turbilhão produziu uma dança abstrata entre o corpo e a alma. Ela fitava os olhos e ele lambia a mensagem”.
O sexo não se reduz a reprodução e vai além do encontro entre dois corpos.
Sexo é pulsar vida, é pintar uma tela com um quantum de energia, é saída motora de tensões de um psicosoma, é um fantasiar criativo entre vários mundos.
Sexo é convidar o outro e a si próprio para produzir uma linguagem não dita.
É respirar o ar quente que vem do outro, é experimentar com todos os sentidos, é investigar onde e como posso realizar um fazer, é também relação de poder.
Sexo produz cenas, mas não deve ser confundido com encenação.
Um dia escutei a seguinte frase, “não sabemos transar”, e foi inevitável não concordar. Mas o que me chamou atenção é o quanto nos defendemos desse não saber, não queremos reconhecer essa falta.
Frutos de uma cultura vazia, repressora, machista, frutos de uma indústria pensada num simbólico de homem, uma imagem que se quer consegue se sustentar.
E esses frutos reagem a essa verdade do não saber, como uma dilaceração do próprio ser, infantilizam e gritam pra si mesmos, “eu sei foder”, no lugar de observar e dizer “então vamos aprender”.
A questão é que estamos sem tempo para aprender, vamos só reproduzir, estamos sem tempo para conhecer, para olhar o outro nos olhos, vamos só nos servir, estamos sem tempo para cultivar, a conveniência é mais fácil.
Os rastros deixados são pensamentos quantificados, o quanto eu dei prazer, o quanto durou, o quanto de gozo e a falta continua fazendo presença.
Antes de dar prazer ao outro dê a si próprio, antes de fazer laço com esse outro faça consigo, esteja pronto para tirar as vestes do que te ensinaram enquanto produção, esteja pronto para estar nu de verdade.
Se permita ir além, se permita gozar o todo!
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