Por Fabrício Carpinejar.
Eu descobri ontem um provérbio perfeito: Se quer ser amigo feche um olho, se quer manter uma amizade feche os dois olhos.
Faz muito sentido. Amigo é não se meter, por mais que tenhamos intimidade, é respeitar a decisão mesmo que não seja o que você pensa.
Se ele procura namorar alguém que você não gosta, é dar apoio igual. Se ele pretende permanecer num emprego que você não acha justo, é dar apoio igual. Se ele busca manter uma vida que você não considera ideal, é dar apoio igual.
É estar junto apenas, para qualquer dos lados.
Amizade é dança. Acompanhar o ritmo da música.
É opinar, expor sua crítica, mas não viver pelo outro.
É não intervir, não pesar a mão, não exagerar.
Amigo não é ser pai, não é ser mãe, não é educar.
É aceitar o que ele é, é reconhecer o que ele deseja, ainda que seja muito diferente de suas crenças.
É entender o momento de falar e entender também o momento de silenciar.
Análise demais estraga a amizade. Você estará sendo terapeuta, não amigo.
É discordar e seguir adiante. Não é discordar e fazer oposição, boicote, greve. Até que nosso amigo mude de ideia.
Amigo é oferecer conselho, não um sermão. É alertar, jamais insistir.
Amizade é fugir do julgamento, é compreender a alternância, os altos e baixos, os desabafos.
Amigo não cobra coerência, não fica em cima cutucando feridas.
É saber tudo e agir como se não soubesse de nada. É não ficar apontando o que é certo ou errado.
Amizade é difícil. Amizade é um estranho equilíbrio.
Mas amizade não é cegueira. É a arte de enxergar com os ouvidos.
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