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Por Amanda Ribeiro.

A dor de estar acima do peso perpassa caminhos ocultos dentro da mente de muitos, e esses mesmos que sentem essa dor se calam, colocam um sorriso no rosto e continuam sua caminhada.

Dizer sobre essa dor àqueles que estão por perto é quase um crime, pois o que se escuta é, “não seja ingrata, olhe sua vida como é boa”, “você não emagrece porque não quer”, “isso é falta de ter o que fazer”, e por ai vai.

O que essas pessoas não compreendem é que a dor de estar acima do peso não tem paracetamol ou relaxante muscular que dê conta, ela perturba e invade.

Ela vem quando se olha no espelho e não fica feliz, e com o passar do tempo substitui-se o espelho de corpo inteiro, por aquele espelho pequeno que só reflete a imagem do nosso rosto. Rosto esse que é muito elogiado, mil elogios são dados a ele, ousam dizer “mas ela tem um rosto tão bonito!” a interpretação nem precisa dizer.

Dói também gostar de moda, porque não confeccionam seu número, no fim é a roupa te escolhe, a que serve é que será sua.

Estar acima do peso, também é sentir a dor de amar, para estar bem com o outro precisa estar bem consigo mesmo, essa dor atinge muitos que ficam envergonhados, não se sentem atraentes, sexys e não tem tesão em si próprio.

A dor de estar acima do peso, dói mais quando chega o verão, porque biquínis, praias, piscinas e cachoeiras não são seus melhores amigos. Dói o olhar do outro, dói se comparar, o desconforto dói.

Mas quando chega o inverno a dor está em não conseguir se controlar e comer caldos, canjicas, cachorros-quentes e maçãs do amor, como se não houvesse amanhã. Dói sentir que um pedaço de bolo, chocolate e de pizza são mais fortes do que a vontade de se livrar de vez dessa dor.

Dói o ciclo vicioso de emagrecer e engordar e dói mais ainda achar que esse ciclo nunca vai ter fim.

Dói abrir mão dos objetivos para aceitar aquela xícara de café, aquele pedaço de bolo ou aquele agrado após o almoço.

Dói tirar foto e não se gostar, não querer postar nas redes sociais ou até sugerir exclui-la.

Dói ver que o tempo está passando, que muitos estão mudando e estamos parados esperando um remédio milagroso fazer o trabalho por nós.

Receber alguém no consultório de psicologia para passar pelo processo de emagrecimento, me ensinou que estar acima do peso dói, e que se essa dor não for tratada ela pode ocasionar graves consequências.

Emagrecer é resgatar os objetivos, mas também as forças para alcançá-los, emagrecer é fazer uma grande conquista na vida, emagrecer é fazer a dor dar espaço à força.

A questão principal é descobrir qual é a sua dor, e deixa-la doer, sem mascará-la com um sorriso ou com um “não me importo”, porque aquilo que dói incomoda e aquilo que incomoda fazemos de tudo para mudar.

Sendo assim, a dor não é algo ruim, a DOR É UM PONTO DE PARTIDA.

Amanda Ribeiro é Psicóloga Clínica e Terapeuta Cognitivo-Comportamental.