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Por Élison Santos.

No início do século passado, Freud afirmava que a diferença com que homens e mulheres eram educados com relação a sexualidade era causa de grandes problemas para a vida a dois e traria grandes conflitos para os futuros casais impedindo a vivência autêntica da união.

Hoje, vemos que Freud estava certo e como terapêuta de casais observo que os maiores conflitos que existem na vida de um casal tem suas raízes na forma com que cada um foi educado com relação a sexualidade e a visão que um desenvolveu em relação ao sexo oposto. Por muito tempo e também ainda hoje em alguns lugares, embora observamos mudanças pontuais, os homens são educados para terem uma vida sexual ativa mesmo antes do casamento e as mulheres para serem submissas aos homens e não terem vida sexual ativa. Até pouco tempo as mulheres não podiam nem demonstrar que sentiam prazer com o próprio marido.

Na experiência clínica é normal encontrarmos casais onde a mulher viveu uma sexualidade reprimida e, depois de casada, não conseguia experimentar uma relação de prazer com seu marido. Também os homens sofreram por uma educação reprimida. A literatura médica e psicológica está repleta de pesquisas que indicam os males que a repressão sexual pode trazer na vida das pessoas. Uma pesquisa da Universidade de Nevada, datada de 1953, com 8 mil mulheres, já falava sobre as consequências da repressão sexual, apontando como causadora de vivências homossexuais e também de condutas auto-eróticas, além é claro, da dificuldade de se entregar ao sexo oposto em uma vivência saudável da sexualidade durante os cinco primeiros anos de casamento.

O homem que recebeu uma educação de liberdade sexual, ao casar-se com uma mulher com diferente educação, vê-se impedido de expressar seus verdadeiros sentimentos e pensamentos, uma vez que em muitos casos não são compreendidos pela mulher. Daí surgem no contexto social afirmações como “porque homens mentem e mulheres choram”. Essas diferenças não são constitutivas do gênero feminino e masculino, são diferenças culturais, educacionais, portanto, diferenças cabíbeis de mudanças, por isso a terapia de casais pode ser um grande acontecimento na vida de homens e mulheres que buscam viver plenamente sua união.

Também os extremos da repressão sexual causam outros extremos como a revolução sexual e o liberalismo sexual, os movimentos feministas que saudavelmente afirmaram a igual dignidade da mulher com relação ao homem também caem nos extremos quando pregam uma vida sexual sem critérios, sem compromisso e que busca a superioridade diante do outro gênero.

A vida entre os diferentes gêneros é bela, frutîfera e um caminho de perfeição e felicidade para a vida de um casal, o respeito, a compreensão pelas formas de prazer e a liberdade de expressão de ambos dentro da relação são aspectos preciosos para uma união bem sucedida.

 

Élison Santos é Psicólogo Clínico, terapeuta de casal, membro da sociedade brasileira de logoterapia, especialista em Análise Existencial e Logoterapia pela PUC Curitiba. É idealizador do grupo de reflexão para mulheres "Compreendendo os homens". Palestrante, comentarista de TV e colunista do site aleteia.org.